terça-feira, abril 17, 2007

Portugal multiracial...

Ainda há bem pouco, eu que quase não vejo televisão porque me desgosta, estava à espera que houvesse um desenvolvimento nesta vergonhosa polémica que envolve as habilitações do nosso Primeiro-Ministro, que me é ainda mais preocupante pois sei que as alternativas são deveras sado-masoquistas, quando me deparo na nossa televisão de serviço público (1) com um programa de muito bom gosto.

Defendia o narrador (invisível) coisas como que antigamente (antes do 25 de Abril) tudo era mau, que Portugal nunca foi um país multi-racial, e que operámos a maior viragem da nossa história tendo-nos tornado uma sociedade tolerante de factura muito recente.

Sinceramente, senti-me ofendido.

1. Porque aguentei as besteiras dos últimos anos do antigo regime a pé firme sem sair do país.
2. Porque éramos um país multi-racial, mais do que somos até agora onde as crianças se afrontam de racismos pluri-laterais nas escolas. Tínhamos problemas para resolver, sim. Absorvemos todos os cidadãos de todas as etnias que vieram do Ultramar, sim.
3. Porque o que temos hoje em dia é uma bandalheira total com gente a dormir nas ruas, muitos deles estrangeiros, perante a impassibilidade política dos nossos governantes (queixem-se a Bruxelas...). Temos guettos. Temos gangs. Temos racismo inverso e raças apartadas à força por iniciativa dos pobres estrangeiros. Isto é promiscuidade, não é um País pluri-racial.
4. Que não nos acenem com exemplos como a Inglaterra e a Holanda que são degradantes ao ponto do nojo (quem não acreditar vá à Central Station de Amesterdão apanhar um comboio às 4 da manhã e verá...) .

Conclusão:

Tenho imensa pena que, enquanto os jornalistas são silenciados para não falarem no caos a que chegou o Estado Português, em que os Ministros não têm qualificações, o poder judicial tem magistrados em postos-chave que nem sequer se sabem dirigir ao público e cuja acção é uma vaga promessa, seja canalizado tempo de antena (e muito) para tal actividade.


Passem bem.

Já agora, e se pensássemos um pouco...


um calçado como outro qualquer...


Vamos raciocinar, respirando fundo:

1. Primeiro começámos a fazer sapatos à mão.
2. Depois ouvimos que havia uns tipos que tinham inventado máquinas que permitiam aumentar a celeridade do processo.
3. Comprámos as máquinas aos que as produziam.
4. Começámos a fazer sapatos com as máquinas, baixando os custos à la longue, porque tivémos de pagar as máquinas.
5. Já agora copiámos as máquinas...e começámos a utilizá-las na nossa produção, poupando nos custos de aquisição das mesmas, baixando mais os custos do produto final e assim com a mão de obra barata rebentámos com a concorrência.
6. Como a concorrência era forte tivémos de aumentar a publicidade e começar a exportar fortemente.
7. Como já não conseguíamos aguentar a contínua baixa de preços tivémos de deslocalizar, passando as máquinas para fora do País, num sítio onde se faziam sapatos à mão!

E assim voltou tudo a 1, e viveram todos infelizes, pois quando os preços eram terrivelmente baixos, o país originário primeiro começou a discriminar os cidadãos do outro país para onde tinha transferido a produção, pois o desemprego que isso gerou era mais que muito e as pessoas já não tinham dinheiro para comprar os sapatos, e no final fez guerra ao outro para o aniquilar, pois já não aguentava mais tanto desemprego nem tanta despesa pública, pois os benefícios sociais tinham subido proporcionalmente à riqueza entretanto gerada, assim como os salários. E assim, algo que poderia ter sido evitado com agumas restrições impostas pelos Estados, transformou-se num grande problema.

Não gostaram desta história, pois não?

Eu também não. A solução, ou é uma fuga para a frente, tentando ficar permanentemente no topo da cadeia, ou já agora, arranjar soluções políticas que não passem por mercados completamente abertos.

Passem (e pensem) bem.